66. O MARGINAL (2025) MATTANÓ.
OSNY MATTANÓ JÚNIOR
O MARGINAL
02/05/2025
O MARGINAL (2025).
CAP. 1
Lá estava ele, o marginal, discutindo como praticar crime com o seu Psicanalista através de uma ¨linha restrita¨ de psicanálise, onde o paciente transfere o seu conteúdo recalcado através de ondas de rádio associadas a paranormalidade alienígena para o seu médico que tem a função de debater o significado e o sentido do seu comportamento, e das metáforas e metonímias da sua vida quando suscitam nele o desejo de cometer atos ilícitos, violentos e criminosos.
Então disse o Bandido da Luz Vermelha para o seu médico ¨você não acha que o tempo hoje não está bom para matar e roubar seu doutor?¨
O médico disse ¨o que você deseja matar e roubar?¨
O Bandido da Luz Vermelha disse ¨pretendo matar você primeiro e depois roubar o seu consultório!¨
O médico disse ¨isso deve ser reprimido para o seu inconsciente se você quiser bem-estar! O significado disso é ódio a figura paterna ou materna em sua infância, vida doméstica e familiar, você tem que ressignificar esse sentimento e a sua consciência trabalhando a sua realidade, acreditando que precisa mudar de comportamento para viver melhor e ter liberdade, produtividade e intimidade!¨
O Bandido da Luz Vermelha disse ¨eu tenho intimidade estuprando as mulheres por aí nas ruas escuras!¨
O médico disse ¨intimidade não é isso, intimidade é cuidar de si mesmo com amor e respeito para que você possa cuidar do próximo com amor e respeito, é aceitar a sua própria história, condição, personalidade, temperamento e caráter, isso é intimidade, se você se adaptar bem aqui você poderá ter relações sexuais produtivas, íntimas e alegres, cheias de respeito, longe das drogas e da criminalidade, longe dos estupros e longe das prisões.¨
O Bandido da Luz Vermelha disse ¨como é que o doutor sabe de tudo isso?¨
O médico disse ¨eu estudei Psicanálise e me formei Psicanalista e adquiri consciência, cultura, conhecimento e realidade que me formaram para que eu pudesse ajudar a salvar, resgatar e ajudar outras pessoas como o senhor que vive nestas condições desumanas nos presídios do Brasil¨. Então o médico disse ¨a sessão de hoje terminou, nos vemos na próxima sessão, pense e medite no que conversamos hoje¨.
Então o médico foi para a próxima sessão com o Escadinha que disse ¨porque o doutor me chamou?¨
O médico disse ¨porque o senhor estava meio triste e desanimado, meio apático em sua cela.¨
O Escadinha disse ¨é assim mesmo, não tem o que fazer, não tem violência e não tem crime, o meio não é sujo!¨
O médico perguntou ¨que meio é esse?¨
O Escadinha disse ¨o que eu estou inserido, entre policiais e encarcerados, as regras são outras, são rígidas e duras, quem manda é o diretor da penitenciária!¨
O médico disse ¨você quer me dizer que você depende das pessoas e do meio social para se comportar, para ser quem você é!?¨
O Escadinha disse ¨parece que é isso!¨
O médico disse ¨esse meio social pode ser sua família em seu inconsciente que se alimenta ou se satisfaz através das demais relações sociais com seus amigos, criminosos ou não, está entendendo, você age assim por causa da sua família, da sua vida doméstica e infantil!¨
O Escadinha disse ¨que porra seu doutor!¨
O médico disse ¨é justamente isso, que ¨porra¨, que satisfação, que prazer comportamental e inconsciente que a sua vida familiar, doméstica e infantil lhe proporciona, a ponto de coloca-lo em situações de risco e de perigo com seus amigos criminosos diante das cenas de crime e das polícias que respondem prontamente, terminando com a prisão e a privação de liberdade nas prisões, além da fome, pobreza, loucura e miséria.¨
O Escadinha disse ¨puta que o pariu seu doutor!¨
O médico disse ¨é justamente a puta, a nossa própria mãe quem nos pare e responde pelos nossos erros e crimes, quando a ofendemos e a humilhamos, pelo simples fato dela ser uma mulher e sermos ignorantes e inconsequentes, violentos e hostis, é provavelmente por causa disso que você está aqui num sentido metafórico!¨
Então o médico disse ¨o tempo acabou, até a próxima sessão.¨
CAP. 2
Osny Mattanó Júnior
Londrina, 02 de maio de 2025.